Enquanto o mundo se torna num lugar cada vez mais frenético,
há pequenos seres que com a sua beleza natural, com o seu requinte espiritual
embelezam e iluminam os nossos dias e transformam os lugares que percorremos.
Oh como era bela aquela borboleta, simples e ao mesmo tempo tão complexa, cheia
de brilho, de talento e de cores resplandecentes. Por momentos pensei que lhe
ia tocar, que ia sentir a sua suavidade ao entrar em contacto com a minha pele,
mas ela fugiu. Era tão livre, tão profundamente bela, que dava vontade de a
ficar a observar o dia inteiro, por momentos foi o que fiz, congelei tudo á
minha volta, fechei a minha mente e fiquei apenas deliciada a vê-la voar por
ali como se estivesse a provocar-me, como se me estivesse a chamar. E fui
andando atrás dela, e fiquei surpreendida ao não me dar conta de como avançava
para ela, fiquei deslumbrada pela maneira como aquele pequenino ser conseguia
fazer com que eu deixasse tudo para trás e me deixasse simplesmente levar. Então
a pequenina parou numa flor, estava a dar as asas como que se estivesse a
receber carícias do vento, estava em seu pleno esplendor e eu sentei-me á sua
frente e imaginei-me a voar com ela, de flor em flor, como que uma espécie de
ritual, um ritual em que a magia era o centro do mundo, magia, só e apenas
magia. Há de facto coisas belas, coisas pelo que vale a pena esperar anos se
for preciso, só para que possamos observar e guardar para sempre aquele
momento, como que uma fotografia que nunca se apaga, nunca envelhece com o
tempo, nunca se rasga e nunca perde o seu encanto natural. A borboleta era um
momento, um momento que decidiu pela sua natureza ficar livre, porque existem
coisas que por mais belas que sejam, por mais que gostemos delas e as admiremos
pertencem ao mundo, têm que ser livres, e nós temos que respeitar isso. Não
precisamos de tocar para admirar, basta o nosso sentido de observação, os olhos
são o espelho do coração e da mente, por vezes não chega olhar, temos que
sentir o que vemos, temos que sentir os momentos que vivemos como se fossem
únicos, porque na verdade, é isso mesmo que são, pequenos episódios que
vivemos, que por mais insignificantes que pareçam podem mudar cada partícula do
nosso ser, e por vezes para sempre.
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