quarta-feira, 18 de abril de 2012

Borboleta



Enquanto o mundo se torna num lugar cada vez mais frenético, há pequenos seres que com a sua beleza natural, com o seu requinte espiritual embelezam e iluminam os nossos dias e transformam os lugares que percorremos. Oh como era bela aquela borboleta, simples e ao mesmo tempo tão complexa, cheia de brilho, de talento e de cores resplandecentes. Por momentos pensei que lhe ia tocar, que ia sentir a sua suavidade ao entrar em contacto com a minha pele, mas ela fugiu. Era tão livre, tão profundamente bela, que dava vontade de a ficar a observar o dia inteiro, por momentos foi o que fiz, congelei tudo á minha volta, fechei a minha mente e fiquei apenas deliciada a vê-la voar por ali como se estivesse a provocar-me, como se me estivesse a chamar. E fui andando atrás dela, e fiquei surpreendida ao não me dar conta de como avançava para ela, fiquei deslumbrada pela maneira como aquele pequenino ser conseguia fazer com que eu deixasse tudo para trás e me deixasse simplesmente levar. Então a pequenina parou numa flor, estava a dar as asas como que se estivesse a receber carícias do vento, estava em seu pleno esplendor e eu sentei-me á sua frente e imaginei-me a voar com ela, de flor em flor, como que uma espécie de ritual, um ritual em que a magia era o centro do mundo, magia, só e apenas magia. Há de facto coisas belas, coisas pelo que vale a pena esperar anos se for preciso, só para que possamos observar e guardar para sempre aquele momento, como que uma fotografia que nunca se apaga, nunca envelhece com o tempo, nunca se rasga e nunca perde o seu encanto natural. A borboleta era um momento, um momento que decidiu pela sua natureza ficar livre, porque existem coisas que por mais belas que sejam, por mais que gostemos delas e as admiremos pertencem ao mundo, têm que ser livres, e nós temos que respeitar isso. Não precisamos de tocar para admirar, basta o nosso sentido de observação, os olhos são o espelho do coração e da mente, por vezes não chega olhar, temos que sentir o que vemos, temos que sentir os momentos que vivemos como se fossem únicos, porque na verdade, é isso mesmo que são, pequenos episódios que vivemos, que por mais insignificantes que pareçam podem mudar cada partícula do nosso ser, e por vezes para sempre.

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