segunda-feira, 25 de junho de 2012

De repente tudo se tornou tão baço

De repente tudo se tornou tão baço, o céu tomado por cores escuras dificulta a minha saída do casulo, o silêncio sufoca-me e a desilusão é matadora. Liguei o telemóvel onde tinha gravadas mensagens tuas, li-as vezes sem conta e a saudade é agora impiedosa, sorrio a cada “amo-te”, e choro a cada palavra. Ao olhar para trás a raiva consome-me, como pude ser tão inutilmente ingénua? Mas ao mesmo tempo eu devo ser uma dessas masoquistas que mesmo que a dor seja brutal elas persistem naquilo que inflige essa dor, mas a verdade é que eu gosto disso, porque a dor é a prova de que era real, e eu quero acreditar que era. Ligo-te, não por esperar que atendas, porque sei que não vai acontecer, mas sim para ouvir o tão delicioso “neste momento não posso atender…”, é a tua voz, e é tudo o que eu desejo ouvir. As mãos tremem-me, não de frio, mas porque te vejo, o coração bate a um ritmo frenético, e mesmo com os olhos cheios de lágrimas escondidas pelos óculos de sol, eu sorrio, tu viras a cara e eu choro. Vou para casa, tranco-me no quarto, fones no máximo, e no ecrã do computador as nossas fotos, acendo um cigarro, isso acalma-me. Faço uma viagem, volto atrás no tempo com as memórias, e hoje penso: do nada ele tornou-se tudo.